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segunda-feira, 9 de maio de 2011

A chama da Alma...


Havia um rei que apesar de ser muito rico, tinha a fama de ser um grande doador, desapegado de sua riqueza.

De uma forma bastante estranha, quanto mais ele doava ao seu povo, auxiliando-o, mais os cofres do seu fabuloso palácio se enchiam.

Um dia, um sábio que estava passando por muitas dificuldades, procurou o rei.

Ele queria descobrir qual era o segredo daquele monarca.

Como sábio, ele pensava e não conseguia entender como é que o rei, que não estudava as sagradas escrituras, nem levava uma vida de penitência e renúncia, ao contrário, vivia rodeado de luxo e riquezas, podia não se contaminar com tantas coisas materiais.

Afinal, ele, como sábio, havia renunciado a todos os bens da terra, vivia meditando e estudando e, contudo, se reconhecia com muitas dificuldades na alma.

Sentia-se em tormenta.

E o rei era virtuoso e amado por todos.

Ao chegar em frente ao rei, perguntou-lhe qual era o segredo de viver daquela forma, e ele lhe respondeu:

"Acenda uma lamparina e passe por todas as dependências do palácio e você descobrirá qual é o meu segredo."

Porém, há uma condição:

Se você deixar que a chama da lamparina se apague, cairá morto no mesmo instante.

O sábio pegou uma lamparina, acendeu e começou a visitar todas as salas do palácio.

Duas horas depois voltou à presença do rei, que lhe perguntou:

"Você conseguiu ver todas as minhas riquezas?"

O sábio, que ainda estava tremendo da experiência porque temia perder a vida, se a chama apagasse, respondeu:

"Majestade, eu não vi absolutamente nada.

Estava tão preocupado em manter acesa a chama da lamparina que só fui passando pelas salas, e não notei nada."

Com o olhar cheio de misericórdia, o rei contou o seu segredo:

"Pois é assim que eu vivo.

Tenho toda minha atenção voltada para manter acesa a chama da minha alma que, embora tenha tantas riquezas, elas não me afetam."

“Tenho a consciência de que sou eu que preciso iluminar meu mundo com minha presença e não o contrário."

O Bem Mais Precioso

Conta-se que há muitos anos atrás, Antônio se apaixonou por Mônica e resolveram se casar.

Dinheiro eles quase não tinham, mas nenhum deles ligava para isso.

A confiança mútua era a esperança de um belo futuro, desde que tivessem um ao outro.

Assim, marcaram a data para se unir em corpo e alma.

Antes do casamento, porém, a moça fez um pedido ao noivo:

- Não posso nem imaginar que um dia possamos nos separar.

Mas pode ser que com o tempo um se canse do outro, ou que você se aborreça e me mande de volta para meus pais.

- Quero que você me prometa que, se algum dia isso acontecer, me deixará levar comigo o bem mais precioso que eu tiver então.

O noivo riu, achando bobagem o que ela dizia, mas a Mônica não ficou satisfeita enquanto ele não fez a promessa por escrito e assinou.

Casaram-se.

Decididos a melhorar de vida ambos trabalharam muito e foram recompensados.

Cada novo sucesso os fazia mais determinados a sair da pobreza, e trabalhavam ainda mais.

E tempo passou e o casal prosperou.

Conquistaram uma situação estável e cada vez mais confortável, e finalmente ficaram ricos.

Mudaram-se para uma ampla casa, fizeram novos amigos e se cercaram dos prazeres da riqueza.

Mas, dedicados em tempo integral aos negócios e aos compromissos sociais, pensavam mais nas coisas do que um no outro.

Discutiam sobre o que comprar, quanto gastar, como aumentar o patrimônio, mas estavam cada vez mais distanciados entre si.

Certo dia, enquanto preparavam uma festa para amigos importantes, discutiram sobre uma bobagem qualquer e começaram a levantar a voz, a gritar, e chegaram às inevitáveis acusações.

- Você não liga para mim!

- gritou o marido - só pensa em você, em roupas e jóias.

- Pegue o que achar mais precioso, como prometi, e volte para a casa dos seus pais.

Não há motivo para continuarmos juntos.

Mônica ficou pálida o olhou com olhar magoado, como se acabasse de descobrir uma coisa nunca suspeitada.

- Muito bem, disse ela baixinho. Quero mesmo ir embora.

Mas vamos ficar juntos esta noite para receber os amigos que já foram convidados.

Ele concordou.

A noite chegou.

Começou a festa, com todo o luxo e a fartura que a riqueza permitia.

Alta madrugada o marido adormeceu, exausto.

Ela então fez com que o levassem com cuidado para a casa dos pais dela e o pusessem na cama.

Quando ele acordou, na manhã seguinte, não entendeu o que tinha acontecido.

Não sabia onde estava e, quando se sentou na cama para olhar em volta, a mulher aproximou-se e disse-lhe com carinho:

- Querido marido, você prometeu que se algum dia me mandasse embora eu poderia levar comigo o bem mais precioso que tivesse no momento.

Pois bem, você é e sempre será o meu bem mais precioso.

Quero você mais que tudo na vida, e nem a morte poderá nos separar.

Envolveram-se num abraço de ternura e voltaram para casa mais apaixonados do que nunca.

O egoísmo, muitas vezes, nos turva a visão e nos faz ver as coisas de forma distorcida.

Faz-nos esquecer os verdadeiros valores da vida e buscar coisas que têm valor relativo e passageiro.